O poder das fibras

Vários estudos associam a ingestão de fibras à redução de risco de desenvolvimento de doenças como diabetes, obesidade e câncer de cólon retal.

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13/05/2016 - Como explica a pesquisadora Eliana Bistriche Giuntini, do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), a fibra alimentar é um componente diferente dos demais nutrientes, pois agrega vários compostos que não são digeridos pelas enzimas humanas e absorvidos no intestino delgado. No entanto exercem inúmeros efeitos benéficos no organismo humano, podendo servir, inclusive, de substrato para a microbiota intestinal.

Vários estudos associam a ingestão de fibras à redução de risco de desenvolvimento de doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, câncer de cólon retal, síndrome do cólon irritável, constipação e diverticulose.

Entre os possíveis efeitos fisiológicos benéficos estão a redução de colesterol total e/ou LDL no sangue; de glicose e/ou insulina sanguínea após o consumo de refeições ricas em carboidratos; e do tempo de trânsito intestinal. Esses benefícios podem ser decorrentes de algumas características (propriedades físico-químicas) das fibras, assim como decorrentes da fermentação pela microbiota intestinal.

Os alimentos que contém fibras são essencialmente de origem vegetal. A fibra alimentar é um grupo (Veja abaixo definição desse grupo) muito grande de carboidratos e compostos relacionados com características diferentes, como tipo e tamanho de estrutura molecular, tipo de ligação entre os componentes, etc. “O debate científico em relação à fibra alimentar é relativamente recente. Até a década de 1970 só se conhecia a fibra bruta (celulose, hemicelulose e lignina), importante para o funcionamento intestinal. As primeiras definições falando em fibra alimentar e seus vários efeitos fisiológicos, assim como os primeiros métodos analíticos para sua quantificação, começaram a ser desenvolvidos em meados da década de 70, mas ainda há muito a ser pesquisado e discutido. Por isso, não há um consenso, principalmente, sobre quais compostos compõem a fibra alimentar e qual o método mais adequado para quantificá-la", explica Eric de Castro Tobaruela, mestre em Ciências dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas/USP.

O que diz o Codex Alimentar
A definição do Codex Committee on Nutrition and Foods for Special Dietary Uses (CCNFSDU) diz que as fibras alimentares são compostas por polímeros de carboidratos com dez ou mais monômeros2, e que podem pertencer a três categorias:

- Polímeros de carboidratos comestíveis, que ocorrem naturalmente nos alimentos na forma como são consumidos;
- Polímeros de carboidratos obtidos de material cru por meio físico, químico ou enzimático e que tenham comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana; e
- Polímeros de carboidratos sintéticos que tenham comprovado efeito fisiológico benéfico sobre a saúde humana, de acordo com evidências científicas.

  Quando derivada de plantas, a FA pode incluir frações de lignina e/ou outros compostos associados aos polissacarídeos na parede celular. Esses compostos também podem ser quantificados por método(s) específico(s) para FA. Entretanto, tais compostos não estão incluídos na definição de FA se forem extraídos e reintroduzidos nos alimentos.
2 A decisão sobre a inclusão de carboidratos com 3 a 9 unidades monoméricas na definição de FA deve ser tomada pelas autoridades nacionais.

OBS: Polímeros são macromoléculas formadas a partir de estruturas menores, chamadas monômeros.

Codex Alimentarius. (2008). Report of the 30th Session of the Codex Committee on Nutrition and Foods for Special Dietary Uses, Cape Town, South Africa, 3-7 November, 2008. ALINORM 09/32/26.
Codex Alimentarius. (2009). Report of the 31st Session of the Codex Committee on Nutrition and Foods for Special Dietary Uses, Düsseldorf, Germany, 2-6 November, 2009. ALINORM 10/33/26.

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