Saiba por que os compostos bioativos podem influenciar nossa saúde

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Além dos nutrientes, sabe-se hoje que os alimentos contêm os chamados compostos bioativos, presentes principalmente em produtos de origem vegetal, como frutas e hortaliças. De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Thomas Ong, pesquisador do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), as pesquisas sobre os bioativos são muito recentes e a comunidade científica ainda está colhendo dados. O maior interesse por eles surgiu na década de 1990, junto com o conceito de alimento funcional.

“Os compostos bioativos não têm funções estabelecidas, como têm os nutrientes, que podem ser identificados facilmente porque sua falta no organismo acarreta uma deficiência, uma doença. No caso dos compostos bioativos dos alimentos, temos evidências crescentes de que exerçam diferentes ações biológicas, que podem estar associadas à promoção da saúde, aumento do bem estar e redução do risco de aparecimento determinadas doenças crônicas. Por exemplo: há evidências de que as antocianinas combatem os radicais livres e ajudam a modelar fenômenos epigenéticos , mas não há estudos que determinem que a falta delas possa pressupor uma condição clara”, resume Ong.

Segundo ele, quando nos alimentamos, ingerimos uma coleção complexa de nutrientes e compostos bioativos. E o perfil de bioativos varia muito de um alimento para o outro. Além disso, a concentração dos compostos bioativos nos alimentos é baixa, em geral. E os cientistas se perguntam: como, em quantidades tão baixas, eles podem surtir efeito?

“Há evidências que mostram que eles atuariam em conjunto, e a maneira como interagem também é objeto de pesquisa da comunidade que estuda o tema. Eles podem ter efeitos aditivos, ou seja, o efeito final seria a soma de um com outro. Podem ter efeitos sinérgicos, em que o efeito obtido seria bem maior do que a soma dos efeitos de cada composto isolado, por exemplo.”

Já se sabe que cada um desses compostos tem diferentes maneiras de afetar o funcionamento dos genes e, dependendo dessa influência, o indivíduo tem chances maiores ou menores de desenvolver determinadas doenças, ou preveni-las. Isso levando-se em conta que os indivíduos têm variações genéticas. “As doenças crônicas demoram décadas para se manifestar. O que significa que há tempo para se cuidar, melhorar a alimentação e os hábitos sedentários”, crê Ong.

Ele explica que o grupo conhecido de compostos bioativos é grande, mas quatro categorias vêm recebendo mais atenção da comunidade científica: os compostos fenólicos, os derivados isoprênicos, os isotiocianatos e os compostos sulfurados. “Estamos tentando entender ainda ‘quem são’ todos esses compostos. Há inúmeras classes e subclasses. Só de flavonoides, por exemplo, há mais de 5 mil. Derivados isoprênicos são mais de 23 mil.”

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