Como a ciência confirma os efeitos dos compostos bioativos em nosso organismo?

Em foco

Dentro da comunidade científica, a preocupação ainda é entender o que acontece com o composto bioativo no organismo. “O que acontece no fígado, no rim, na célula pulmonar, no tecido adiposo... E como o composto bioativo altera o funcionamento desses sistemas? Essa é a pergunta principal e vai ser a ênfase dos estudos por muito tempo”, diz Thomas Ong, pesquisador do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Research Center). No geral, para se comprovar os efeitos dos compostos bioativos, trabalha-se com células vivas e com animais de laboratório, ministrando compostos e monitorando os resultados. Além disso, estudos clínicos em humanos também são muito importantes.

O cientista crê que o amadurecimento da pesquisa acerca de compostos bioativos vai colocar o tema na pauta dos estudos genéticos em breve. “Um exemplo: o brócolis e as crucíferas têm um composto sulfurado, chamado sulforafano, que consegue induzir aquilo que chamamos de enzimas de destoxificação. Elas ajudam a eliminar substâncias que fazem mal à saúde.

É um mecanismo de defesa da espécie. As nossas células vieram equipadas com essas enzimas: elas pegam um agente tóxico e jogam para fora. Se você come mais crucíferas, provavelmente vai ter mais capacidade de lidar com agentes tóxicos, incluindo os carcinogênicos, com os quais temos contato o tempo todo, por meio do ambiente e de nossos hábitos. Então isso com certeza deverá ser levado em consideração no futuro pelo campo da genética.”

Na área da nutrigenômica, as ferramentas de genética são usadas para um refinamento das informações, pois como os indivíduos apresentam variações genéticas, a forma como recebem, absorvem e metabolizam os compostos bioativos também difere.

Ação contra o câncer – Ong trabalha, no FoRC, identificando compostos bioativos extraídos de amoras pretas, amoras silvestres e grumixama (ou cereja brasileira) que tenham ação contra o câncer de mama. “Nós administramos as substâncias em células vivas e temos um grupo controle, que não recebe o tratamento. Buscamos sobretudo relações sinérgicas entre os compostos. Aquelas em que o efeito X mais o efeito Y não seja igual a X+Y, mas sim a X+Y+Z, por exemplo. Efeitos em que os compostos se ajudem, cada um atuando sobre um mecanismo dentro da célula.”

O objetivo geral da pesquisa é entender se os extratos dessas substâncias inibem a reprodução das células cancerígenas, e como. “Estamos trabalhando com antocianinas e elagitaninos. Já conseguimos caracterizar quais são os extratos que inibem a proliferação das células – e que não só inibem, mas induzem a morte da célula cancerosa. Agora estamos em uma etapa em que queremos entender os mecanismos pelos quais isso acontece”, resume Ong.

compartilhar

Comentários