Alimentos de origem vegetal, com destaque para frutas e hortaliças, são ricos em compostos bioativos. Existem estimativas de que numa porção simples de hortaliças seria possível detectar a ocorrência de mais de cem tipos. De acordo com os especialistas do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Research Center), o consumo desses alimentos deveria ser incentivado no Brasil, onde ainda é muito baixo. A última pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014), feita pelo Ministério da Saúde, aponta que apenas 24,1% dos brasileiros ingerem a quantidade de frutas e hortaliças recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS): 400g diários, em cinco ou mais dias da semana.

Há exemplos já bem conhecidos de efeitos de compostos bioativos presentes em alguns alimentos, tais como o tomate, rico em licopeno (um carotenoide), que atua na prevenção do câncer de próstata.
Segundo o pesquisador Thomas Ong, do FoRC, é até possível isolar compostos bioativos e já existe gente pesquisando e fazendo isso. “O que é necessário ter em mente é que o efeito depende muito da dose. Se você concentra ou aumenta a dose, a absorção pelo organismo pode variar, a distribuição idem.

É preciso também pensar na estabilidade desses compostos bioativos na cápsula, e na metabolização desse formato pelo organismo. Portanto, consumir os compostos diretamente das fontes naturais e consumi-los isolados não é a mesma coisa.” Ele afirma que há uma tendência da indústria de inserir compostos bioativos nos alimentos, mas é preciso saber se o efeito será o mesmo.

Ong lembra que os micronutrientes podem apresentar efeito tóxico se consumidos em quantidades altas demais (selênio e vitamina A são dois exemplos). “O fato de não se saber a segurança do consumo de altas doses desses compostos bioativos dos alimentos é um aspecto que deve ser levado em consideração por esse mercado.”

Confira alguns alimentos ricos em compostos bioativos

Polifenóis ou compostos fenólicos
Encontrados em hortaliças, cereais, chás, café, cacau, vinho e frutas de cor bordô e vermelho escuro, soja, entre outros. Nas plantas, eles exercem função de fotoproteção, defesa contra micro-organismos e insetos, além de serem responsáveis pela pigmentação e por algumas outras características. Estão relacionados à inibição da produção de radicais livres, modulação da atividade de algumas enzimas específicas, inibição da proliferação celular e de inflamações.

Glicosinolatos
Encontrados na couve, no repolho, nos brócolis, na couve-flor e na couve de Bruxelas. Estão relacionados com o sistema de defesa das plantas. Acredita-se que seu consumo ajude a melhorar o sistema de defesa de quem os ingere, reduzindo o risco de aparecimento de doenças crônicas.

Carotenóides
Encontrados na cenoura, couve, abóbora, batata-doce, tomate, beterraba, mamão papaia, manga, brócolis, espinafre, entre outras fontes, têm propriedades antioxidantes e estão associados à redução do risco de câncer, doenças cardiovasculares, degeneração macular e catarata.

Terpenóides
Encontrados em frutas cítricas, chás e temperos. Possuem ações antioxidantes e relação com a redução de risco de câncer.

Compostos sulfurados
Encontrados no alho, seu consumo tem sido relacionado ao combate aos radicais livres e inibição da inflamação; sugere-se que seu consumo seja benéfico para reduzir o risco de doenças como as cardiovasculares e o câncer.