A intoxicação
alimentar é um dos tipos de distúrbio alimentar que podemos adquirir ao ingerir
alimentos contaminados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
anualmente 600 milhões de pessoas adoecem e 420 mil morrem por esse motivo. Os vilões
dessas doenças são bactérias, vírus, parasitas, toxinas, prions, agrotóxicos,
produtos químicos e até metais pesados.
Embora tenhamos o costume chamar todo tipo de distúrbio alimentar de intoxicação, conforme explica o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e pesquisador do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), Uelinton Pinto, as doenças de origem alimentar podem ser de três categorias: intoxicação, infecção ou toxi-infecção.
- Intoxicação
Geralmente são causadas
por toxinas microbianas. O processo é o seguinte: um micro-organismo patógeno
cresce no alimento (os mais comuns são o Staphylococcus aureus, o Bacilus cereus e o Clostridium botulinum) e produz uma
toxina. O distúrbio alimentar ocorre quando se ingere alimentos com essa
toxina. Geralmente, é um processo decorrente de condições ruins de estocagem
dos alimentos ou de temperatura de manutenção inadequada. “Mas há também as
intoxicações causadas por agentes químicos, como metais pesados, por exemplo. E
ainda pela ingestão de vegetais ou animais que produzem algum tipo de toxina,
como a mandioca brava ou o baiacu”, explica Uelinton.
- Infecções
As infecções
acontecem quando se ingere um micro-organismo vivo, que passa pelo trato
digestivo e vai parar no intestino, colonizando-o ou produzindo, ali, a toxina.
De acordo com Uelinton, bactérias como a Salmonella
spp, a Escherichia coli, a Listeria
monocytogenes, a Shigella spp, e a Campylobacter são capazes de
colonizar o intestino humano, assim como alguns tipos de vírus. “Os sintomas
demoram mais a aparecer, levando em média de 8 a 12 horas.”
-Toxi-infecção
Na toxi-infecção, a
pessoa ingere micro-organismos vivos, mas eles não colonizam o intestino. Em
vez disso, esporulam, e nesse processo liberam a toxina. A esporulação é um
mecanismo de defesa de diversas bactérias, e ocorre
quando elas estão em ambientes que ameaçam a sua sobrevivência, ou quando não
têm nutrientes suficientes para crescer e se reproduzir. A síndrome diarreica causada por B. cereus e a
gastroenterite causada por Clostridium
perfringens são causadas dessa forma.
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Fique atento!
Os sintomas das
doenças causadas por alimentos variam de acordo com o agente causador, mas
diarreias, vômitos e dores abdominais são comuns a quase todas elas. A
intoxicação não envolve febre, pois não há a colonização do hospedeiro. Os
sintomas são diarreias, vômitos, dores abdominais e náuseas. O tratamento é
hidratação. Com exceção do Clostridium
botulinum, cuja toxina é uma das substâncias mais venenosas do planeta, não
há muito o que fazer nos casos de intoxicação e de infecção além de manter a
pessoa hidratada e em repouso. O
organismo tem meios de combater tanto as toxinas quanto os colonizadores. “Mas
atenção, no caso do botulismo, é necessária intervenção médica”, alerta
Uelinton, salientando que, em alguns casos de infecção, também são ministrados
antibióticos. De qualquer forma, procure sempre um médico se tiver alguns desses
sintomas.
De olho aberto: Em restaurantes e lanchonetes, os alimentos quentes devem ser conservados em uma temperatura acima de 62°C, tanto em estufa como no balcão do bufê. É o que manda a lei. Já para alimentos refrigerados, o ideal seria uma temperatura por volta de 4°C, mas, segundo o professor Uelinton Pinto, raramente isso acontece em estabelecimentos comerciais e mesmo nas residências. Considera-se segura uma temperatura abaixo de 8°C. A maioria dos patógenos multiplica-se no intervalo de temperatura entre 15º e 55º.
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