No Brasil, os maiores causadores de doenças de origem alimentar são, em primeiro lugar, as bactérias, com destaque para duas: a Salmonella spp. e o Staphylococcus aureus. Segundo dados de 2014 da secretaria de Vigilância Sanitária do ministério da Saúde (SVS/MS), em seguida aparecem outras duas bactérias (Escherichia coli e Bacilus cereus), e só então um vírus, o da Hepatite A. Os parasitas representam uma porcentagem baixíssima e, nos dados estatísticos da SVS, somente a Giárdia aparece. Na maior parte dos surtos (51%), o agente causador não é identificado.
“A Salmonella é um problema porque causa muitos surtos, embora a taxa de mortalidade seja baixa: menos de 0,1% daqueles que adquirem Salmonella morrem por conta da infecção alimentar. Ela não é tão virulenta, mas as pessoas morrem porque já estão em condições vulneráveis. Idosos, crianças muito pequenas, pessoas com problemas imunológicos, portadores de HIV. São grupos de risco”, alerta Uelinton Pinto, pesquisador do pesquisador do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC).
Ele lembra que nos EUA e em vários outros países o grande problema não são as bactérias, mas um vírus, o norovírus. Estima-se que 20 milhões de pessoas adoeçam por ano nos EUA devido ao norovírus, que pode ser contraído pelo consumo de alimentos e água contaminados, pelo contato com uma pessoa infectada ou, ainda, pelo contato com uma superfície contaminada. Felizmente não se trata de uma infecção grave e a grande maioria das pessoas se recupera em um ou dois dias.
“Mas é preciso levar em conta que, nas pesquisas oficiais sobre doenças de origem alimentar feitas no Brasil, não procuramos por patógenos como o norovirus, por exemplo. Não são feitos testes para saber o quanto ele causa de doenças aqui.”
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