Ambas são alimentos lipídicos, servem para comer com pão e afins, para cozinhar e fritar alimentos. Ambas já foram demonizadas e santificadas pela mídia especializada em saúde. Mas os pontos comuns param aí. De acordo com Fabiana Hoffman Sardá, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Research Center), a grande diferença está justamente no tipo de gordura que cada uma possui. “A manteiga tem gordura animal. Já na margarina, a gordura é vegetal – pode ser óleo de palma, de palmiste, de soja.”
Segundo ela, uma porção de uma colher de sopa de manteiga (ou 10 g) tem 80% de gorduras totais. “Destas, 50% a 60% são gorduras saturadas. As gorduras saturadas são mais abundantes nas fontes animais”, explica, lembrando que o consumo excessivo de gorduras saturadas vem sendo conectado à ocorrência de doenças cardiovasculares e processos cardiovasculares negativos, como LDL alto, por exemplo. Por serem de origem animal, também contêm colesterol.
Já as margarinas, Fabiana divide em dois tipos: as comuns e as mais leves, com apelo mais saudável. “Nas usuais, em uma porção de 10 g, encontramos 70% a 80% de ácidos graxos, ou gorduras, sendo 25% de ácidos graxos saturados. Nas mais leves, essa porcentagem cai para algo entre 30% e 40%. Nestes casos, as gorduras são substituídas por água ou emulsificantes, também de origem vegetal”, revela.
De acordo com a pesquisadora, os óleos vegetais utilizados nas margarinas mais leves têm o perfil mais balanceado entre os ácidos graxos polinsaturados e monoinsaturados, gorduras consideradas mais saudáveis do que as saturadas e as gorduras trans. E nenhuma margarina, ou óleo vegetal, tem colesterol, embora algumas marcas coloquem essa informação em seus rótulos, como se fosse um benefício exclusivo.
“Nas margarinas comuns, há alguns anos, era habitual a utilização de gorduras trans, isso antes do mundo atentar para a questão do risco que elas representam. Hoje em dia existem até margarinas comuns com zero de gorduras trans. Nesses casos, essa informação vem escrita no rótulo.”
A melhor escolha é sempre o bom senso: se o recomendável é a ingestão de 60 g de lipídios por dia (em uma dieta de 2000 kcal – 8400 kJ), pode incluir nesta conta aquele pãozinho com manteiga ou margarina, mas sem exagero, porque ainda há as gorduras dos próprios alimentos e as usadas em suas preparações. Nunca é demais lembrar que pessoas com problemas cardiovasculares ou histórico familiar de eventos cardíacos devem maneirar no consumo de ácidos graxos saturados.
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