Farinha de banana verde pode aumentar a sensação de saciedade e auxiliar na diminuição da fome

Estudo também aponta que consumo do produto pode aumentar a sensibilidade à insulina e ajudar no equilíbrio da glicose sanguínea

Você sabia?

Tradicional componente da dieta do brasileiro, a banana é produzida de norte a sul do País: somos o terceiro maior produtor mundial. Um dos subprodutos da fruta é a farinha de banana verde – obtida, grosso modo, basicamente pelo processo de secagem controlada da banana verde sem casca e posterior moagem.

A farinha de banana verde vem sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores há pelo menos dez anos. Sabe-se que ela tem propriedades funcionais, principalmente pela quantidade de amido resistente que contém. Recentemente, uma tese de doutorado feita pela pesquisadora Fabiana Hoffman Sardá, sob orientação da professora Elizabete W. de Menezes, ambas do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), revelou que, além de aumentar a sensação de saciedade e reduzir a fome em refeições subsequentes à sua ingestão, a farinha de banana verde pode reduzir indicadores de resistência à insulina e proporcionar um impacto positivo sobre a homeostase da glicose.

“Realizamos testes de tolerância à glicose e não observamos alteração no nível de glicose sanguínea. Mas notamos que, no grupo que recebeu a farinha, houve aumento da sensibilidade à insulina. Isso é um sinal positivo, já que estudos sobre a diabetes tipo 2 apontam a diminuição da sensibilidade à insulina como um dos primeiros passos para o desenvolvimento da doença”, afirma Fabiana.

As conclusões foram obtidas após a realização de um ensaio clínico duplo-cego com humanos, controlado com placebo, liderado pela pesquisadora Eliana B Giuntini, também do FoRC. Fabiana ministrou oito gramas de farinha (e placebo) a voluntários entre 20 e 45 anos, de ambos os sexos e índice da massa corporal (IMC) normal. Os voluntários consumiram a farinha três vezes por semana durante seis semanas.

Um dia antes das pessoas iniciarem o consumo, foi realizada uma avaliação em três partes: de fome/saciedade após consumo de refeição padronizada; de consumo em refeições subsequentes e uma análise bioquímica com base em exames de sangue. Essa avaliação foi repetida ao final das seis semanas de consumo, com o grupo que recebeu a farinha e com o grupo controle. Paralelamente foi aplicado um questionário sobre funcionamento intestinal.

“Pela comparação dos dados obtidos nos dois momentos, notamos que no grupo que recebeu a farinha houve aumento de saciedade e redução da fome, com uma diminuição da ingestão energética em 14% em refeições subsequentes com relação ao grupo controle e aos dados colhidos no início do estudo. Isso significa que a farinha pode atuar sobre os hormônios que regulam esse mecanismo”, explica. O funcionamento intestinal também apresentou melhoras, conforme avaliação por questionário validado.

O trabalho de Fabiana ganhou menção honrosa no Prêmio Tese em Destaque USP 2016, na área de Ciências Agrárias. Ela atribui o prêmio aos artigos gerados a partir da tese, e ao approach, que incluiu uma análise da microbiota intestinal dos voluntários, utilizando técnicas de sequenciamento de DNA. “Vimos claramente que o consumo da farinha de banana impactou de forma diferente dois grupos distintos de indivíduos, de acordo com o gênero de micro-organismos mais presente no intestino. Seria muito interessante continuar esses estudos para saber por que isso acontece.”

Fique atento!

Segundo a pesquisadora do FoRC, é preciso cuidado ao comprar a farinha de banana. Fabiana avaliou 12 marcas presentes no mercado e concluiu que somente duas conservavam teores de amido resistente considerados adequados (50% a 60%), sendo que outras oito conservavam apenas 20%. “Duas dessas 12 marcas sequer podiam ser chamadas de farinha de banana, porque continham altíssimos teores de amido de milho. Portanto, fique atento à textura do produto quando abrir o pacote. Se ele tiver textura próxima à da maisena, desconfie.” Segundo ela, é importante garantir que a farinha de banana verde disponível no mercado brasileiro tenha um padrão de qualidade estabelecido e possa garantir os benefícios a ela atribuídos ao ser consumida.

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