Pelos dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), estima-se que uma família de 4 pessoas no Brasil consuma, em média, 10 kg de sal de cozinha por ano. Não parece muito? Mas é, sim, ainda mais porque isso é somente o que está disponível dentro de casa para o preparo dos alimentos e para dar “aquela temperadinha” na hora das refeições. Esse número não considera os caldos, molhos e, principalmente temperos prontos concentrados que também contêm sal. Há também os alimentos que contêm sal na sua lista de ingredientes, como linguiça, salsicha, mortadela, presunto, queijos, salgadinhos, pães e pratos prontos. Além disso, há ainda os alimentos consumidos fora de casa – e comemos fora com frequência cada vez maior!
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que a ingestão de sódio seja de 2.000 mg/dia ou 2 g/dia, cerca de 5 g de sal (equivalente a 5 colheres rasas de café), porque o sal de cozinha é “cloreto de sódio” e contém 40% de sódio. Dados do Guia Alimentar para a População Brasileira indicam que consumimos 12 g diárias de sal. “Só pensando no sal que usamos diariamente na cozinha, nós já consumimos mais do que os 5 g propostos pela OMS”, revela a pesquisadora Eliana Bistriche Giuntini, do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Research Center).
“Portanto, se considerarmos o sal de cozinha, os temperos que contêm sal, as refeições fora de casa e os alimentos industrializados, o brasileiro ingere muito mais sódio que o recomendado. E o pior é que, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (2013), a população brasileira não tem essa percepção: somente 14,2% consideram que consomem muito sal. E, se não percebemos que nossa ingestão é alta, não teremos a preocupação de reduzi-la.”
Mas, segundo Eliana, não estamos sozinhos. “A ingestão de sódio é alta em todo o mundo. A diferença é que, no Brasil, 75% do sódio ingerido vem do sal de cozinha e de temperos, ao passo que no Japão e na China, a maior parte vem do sal de cozinha e do molho de soja, e na Europa e Estados Unidos, dos alimentos industrializados”, compara.
Vários estudos relacionam o consumo excessivo de sal ao desenvolvimento de algumas doenças crônicas. Há cerca de 10 anos, pesquisadores estimaram que uma leve redução de apenas 1,3 g na quantidade de sódio consumida diariamente poderia reduzir em 20% a prevalência de hipertensão arterial (clique aqui para ler o artigo). Além disso, poderia também haver redução na mortalidade por acidentes vasculares cerebrais (14%) e por doença coronariana (9%). Países como Finlândia, Canadá e Reino Unido promoveram programas de redução de ingestão de sódio que foram acompanhados de importantes reduções em casos de pressão arterial e de doenças associadas, além de diminuição de gastos em saúde pública.
Desde meados da década de 2000 o Ministério da Saúde vem negociando a redução do teor de sódio em alimentos industrializados, por meio de termos de compromissos com as indústrias. Em 2011, o Ministério fez um acordo com representantes das indústrias de alimentos estabelecendo metas para a redução da adição de sal durante a produção de várias categorias de alimentos, de forma gradativa, para promover a oferta de alimentos com teores mais reduzidos de sal. Dessa forma, também promover uma adaptação do paladar da população para alimentos menos salgados.
"Há algumas coisas fáceis de fazer no dia a dia: tirar o saleiro da mesa, adicionar quantidades menores de sal e temperos à base de sal ao cozinhar...Lembre-se, também, de olhar os rótulos dos alimentos industrializados para saber quanto eles têm de sódio e, assim, criar consciência da sua ingestão. A redução pode ser, inclusive, gradativa, para "treinar" o paladar."
Fique atento!
Veja as medidas que podem se úteis em seu dia a dia na cozinha:
1 colher sopa (nivelada) - 7,5 g
1 colher sobremesa (nivelada) - 6,3 g
1 colher chá (nivelada) - 2,2 g
1 colher café (nivelada) 1 g
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