25/09/2023 - Publicado na revista Foods, um estudo de revisão do Centro de Pesquisas em Alimentos (Food Research Center – FoRC) analisou várias pesquisas sobre vegetais minimamente processados (VMPs) – também conhecidos como vegetais frescos higienizados – em busca da presença de microrganismos patogênicos indicadores de falta de higiene ou causadores de doenças. A maioria dos trabalhos analisados, no Brasil e no exterior, teve como foco a detecção de bactérias como Escherichia coli – principal indicador de contaminação de origem fecal –, Salmonella spp e Listeria monocytogenes. O contato com essas bactérias pode desencadear enfermidades gastrointestinais, levando, principalmente, a quadros de vômitos e diarreia.
A prevalência para as bactérias nos estudos variou de 0,7% a 100%, na Escherichia coli; de 0,6% a 26,7%, na Salmonella spp; e de 0,2% a 33,3%, Listeria monocytogenes. Ou seja, em alguns casos a prevalência foi bem significativa. “Pelo fato de serem produtos frequentemente vendidos como já higienizados e prontos para o consumo, isso nos acende um alerta. Assim, embora não seja estritamente necessário, o consumidor pode optar por higienizar novamente esses vegetais em casa, de forma a aumentar a segurança”, afirma Daniele Maffei, professora da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), pesquisadora do FoRC e autora correspondente do artigo.
Esta recomendação, segundo ela, é mais importante para pessoas que pertencem a grupos de risco, como gestantes, idosos e indivíduos com o sistema imunológico comprometido, que estão mais suscetíveis a infecções e suas complicações.
Os VMPs são no mínimo duas vezes mais caros que os vegetais in natura, mas têm sido cada vez mais consumidos em função da praticidade, uma vez que são vendidos cortados, higienizados, embalados e prontos para o consumo.
De modo geral, os vegetais estão sujeitos a diversas fontes de contaminação durante a após a etapa da colheita. A etapa de higienização, uma das mais importante no processo dos VMPs, deveria eliminar os microrganismos patogênicos que possam estar presentes nos neles, além de evitar a contaminação cruzada entre diferentes lotes de produtos. Contudo, pelos estudos analisados, tudo indica que há falhas em alguns processos. “Essas falhas podem ser causadas, por exemplo, pela ausência ou uso inadequado de sanitizantes na água de lavagem, bem como pelo contato com superfícies, equipamentos e utensílios contaminados”, explica.
Para a pesquisadora, é necessário reforçar as boas práticas de higiene, criando leis a nível federal para regular o setor produtivo, os rótulos, e padronizar os processos — algo que ainda não existe. “Essa falta de padronização confunde o consumidor. Vegetais pré-lavados, por exemplo, não passam por higienização com sanitizante, mas muitas vezes se enquadram na mesma categoria. Tanto que ficam na mesma gôndola dos VMPs”.
Com informações da Agência Fapesp.
Veja abaixo o passo a passo para higienizar corretamente um vegetal
- Prepare uma solução clorada utilizando água sanitária (hipoclorito de sódio) e água. A receita é uma colher de sopa (aproximadamente 8 mL) de água sanitária para cada um litro de água. Observação: confira se consta no rótulo a informação de que a água sanitária é apropriada para este uso.
- Desfolhe as verduras, folha a folha ou faça a triagem dos legumes e frutas, desprezando as partes estragadas.
- Lave as folhas, frutas e legumes em água potável.
- Deixe-os de molho na solução clorada por 15 minutos e depois enxague-os.
- Retire o excesso de água utilizando centrífugas, secadores de salada ou papel toalha.
Atenção: não utilize detergente, pois seus resíduos podem causar desconforto gástrico e outros danos à saúde. Também não utilize vinagre, pois o produto não tem a mesma eficácia da água sanitária para inativar microrganismos.
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