Tabela Brasileira de Composição de Alimentos é atualizada com mais iguarias brasileiras

Nova versão alcançou a marca de 5.200 alimentos registrados na base, sendo uma parte expressiva composta por iguarias da biodiversidade brasileira.

Nutrição na medida

05/10/2020 - Mangaba, Jatobá, açaí, ora-pro-nóbis, gueroba, quiabo, coquinho-azedo são alguns dos frutos e vegetais que pertencem à riquíssima biodiversidade brasileira e que podem ser encontrados na versão 7.1 da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA), que acaba de ser atualizada com 1.700 novos registros. Segundo a coordenadora do projeto, Elizabete Wenzel de Menezes, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center), a atualização constante da TBCA reflete de forma mais fidedigna o perfil do consumo alimentar da população brasileira.

Constituída majoritariamente por alimentos nacionais, a TBCA traz a composição química e o valor energético de 5.200 alimentos incluindo crus e cozidos, produtos manufaturados e pratos compostos. Só de receitas, são quase 3 mil itens, com a identificação da quantidade de sal e açúcar adicionada em cada preparação.

Tabelas como a TBCA servem de parâmetro para orientar políticas e campanhas públicas alimentares; auxiliar profissionais de nutrição na montagem de cardápios e dietas personalizadas; fornecer subsídios para pesquisas que envolvem quantificação de nutrientes em alimentos; e ajudar o consumidor na escolha de produtos mais saudáveis e/ou adequados às suas necessidades nutricionais.

Diferenciais – Segundo Menezes, que é professora aposentada da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), onde o projeto se iniciou, o rigor científico é um dos aspectos que diferencia a TBCA das tabelas convencionais. “Para a produção do conteúdo da TBCA, seguimos diretrizes preconizadas pela International Network of Food Data Systems (INFOODS) da FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura]”, afirma.

As informações são obtidas através da análise dos alimentos em laboratórios da FCF-USP ou por compilação de dados analíticos de alimentos brasileiros disponíveis em publicações científicas, dados de outros laboratórios, laudos analíticos da indústria de alimentos, entre outras fontes confiáveis. “Foi por esses motivos – rigor científico e base de dados com registros de alimentos nacionais – que o IBGE escolheu utilizar a TBCA para o cálculo do consumo alimentar dos brasileiros”, acrescenta.

Trabalho de décadas – A primeira versão da TBCA foi lançada em 1989, sob a coordenação do prof. Franco Maria Lajolo da FCF-USP. À época, pesquisadores da USP constataram a necessidade de montar uma equipe para realizar estudos que melhorassem a qualidade dos dados de composição química dos alimentos, uma vez que os estudos já vinham apontando a associação da composição dos alimentos à promoção da saúde e diminuição do risco de doenças.

Desde 2013, já em parceria com o FoRC, a TBCA passou por várias atualizações – trabalho que vem sendo liderado pelas nutricionistas Eliana Bistriche Giuntini e Kristy Soraya Coelho. “A tabela incorporou alimentos e preparações mais consumidos pela população com base nas pesquisas da POF [Pesquisa de Orçamentos Familiares] do IBGE”, conta Giuntini. “Outra mudança foi disponibilizar os dados da TBCA pela internet para consulta das bases de dados por site ou aplicativo”, acrescenta Coelho.
Tanto no site quanto no App, as informações da TBCA podem ser consultadas pelo nome do alimento, grupo e/ou tipo (in natura, processados prontos para consumo, ingredientes ou preparações). Há também a possibilidade de consulta por fonte do componente e avaliação energética de refeições.

O aplicativo TBCApp foi disponibilizado para ser baixado para smartphones, para os sistemas Android e IOS. Por ele, o usuário tem acesso a todos os alimentos: quantidade de proteínas, lipídios, carboidratos, fibras alimentares, energia, vitaminas A e C, cálcio, ferro e sódio.

Ambos foram desenvolvidos para facilitar a consulta da tabela pelas pessoas em seu dia a dia. No supermercado, por exemplo, se a opção for comprar produtos com alto valor proteico, a tabela lista os alimentos que possuem esse nutriente, com graduações que vão da maior para a menor quantidade (ou vice-versa).

Mais informações: wenzelde@usp.br

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