20/08/2019 - Os benefícios do resveratrol, substância presente no vinho, já são amplamente conhecidos: prevenção de doenças coronárias, redução dos níveis de colesterol ruim (LDL); ação anti-inflamatória e fortalecimento do sistema muscular. Já no suco de uva, a concentração de resveratrol é muito menor. Um estudo realizado no Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), ainda em andamento, pode trazer uma solução para esse problema: um suco de uva integral com 70% mais resveratrol do que os sucos comuns.
A pesquisadora Laís Moro, doutoranda em Ciência dos Alimentos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), desenvolveu uma técnica para estimular a produção de resveratrol naturalmente nas plantas. “Os resultados preliminares indicam que, com o tratamento, houve um aumento de 70% desse composto no suco – que se manteve mesmo após armazenamento de seis meses”, explica. O estudo foi coordenado pelo professor Eduardo Purgatto, pesquisador do FoRC.
Os testes foram realizados no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais com duas variedades de uva, totalizando 240 litros por região, sendo que parte das videiras era tratada e a outra não. Além do resveratrol, os pesquisadores observaram um aumento significativo de outras substâncias, como antocianinas e flavonoides, que também são aliadas na promoção da saúde.
Segundo Laís Moro, o próximo passo é avaliar se os resultados se reproduzem em um segundo ano de estudo, para comprovar o potencial do tratamento.
Diferencial – A pesquisadora explica que, para ingerir a mesma quantidade de resveratrol de um copo de suco ou vinho apenas consumindo as uvas, seria necessário consumir uma grande quantidade, incluindo a casca e a semente. São essas partes que possuem a maior concentração da substância, mas nem sempre são consumidas.
O processo de fabricação do vinho, que envolve fermentação, favorece a extração de resveratrol e de outros compostos bioativos da uva, mas nem todos podem consumi-lo. “O novo suco é direcionado a crianças, idosos e pessoas que não podem ou não gostam de consumir vinho. Seria uma alternativa que une o prazer do sabor aos componentes terapêuticos”.
Os efeitos benéficos da substância também têm sido analisados por outras perspectivas. Um estudo recentemente publicado na revista Frontiers in Physiology, realizado por pesquisadores de Harvard em parceria com a NASA, demonstrou que o resveratrol é capaz de reduzir a perda de massa muscular – problema enfrentado por astronautas quando estão em ambientes de baixa gravidade.
Os testes foram realizados em animais, divididos em grupos que receberam ou não o tratamento com resveratrol. Os pesquisadores simularam uma microgravidade nas gaiolas e mediram o diâmetro da tíbia e a força da pata desses animais, antes e depois do teste. No final, o grupo que foi submetido à microgravidade e que recebeu resveratrol tinha o músculo preservado e com mais força em relação àquele que não recebeu o tratamento. Embora ainda seja um estudo preliminar, os resultados promissores indicam novas possibilidades de aplicação do resveratrol.
Imagem: Marc Benedetti por Pixabay">Pixabay
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