01/09/2020 - Mesmo com os órgãos de governo e a mídia divulgando incessantemente informações sobre as formas de transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e de prevenção da COVID-19, parte da população adota práticas de higiene inadequadas em relação aos alimentos. É o que mostra uma pesquisa feita em julho passado pelo Centro de Pesquisas em Alimentos (Food Research Center – FoRC) com 3 mil pessoas, de todo o País – a maioria mulheres, casadas, com alto nível de escolaridade.
O estudo, realizado por meio de um questionário disponível na internet e divulgado pelas mídias sociais, revela, por exemplo, que 52,3% dos respondentes higieniza frutas de forma incorreta: 17,9% usam apenas água; 7%, água com vinagre; e 27,4%, água com detergente. “Menos da metade – 45,2% – usa solução de água com hipoclorito de sódio, que inativa o vírus de forma segura”, afirma o coordenador da pesquisa, Uelinton Manoel Pinto, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e integrante do FoRC.
“A água e o vinagre não têm qualquer efeito sobre o vírus. Já o detergente, embora tenha poder de inativá-lo, pode deixar resíduos tóxicos ao organismo humano”, explica, lembrando que o uso desse produto também foi apontado por 10,6% para a limpeza de verduras.
Contradição – Ele e as duas pós-graduandas que estão à frente da pesquisa – a cientista de alimentos Emília Maria França Lima e a nutricionista Jéssica de Aragão F. F. Finger – se surpreenderam com o fato de que, apesar de haver entre os respondentes uma adesão alta (acima de 80%) em relação às medidas de prevenção da doença (uso de máscara, higiene das mãos, distanciamento social, por exemplo), há um certo relaxamento na hora de receber as entregas de comida comprada fora. “Em uma situação de pandemia, na qual há um vírus altamente contagioso circulando, o questionário indicou que cerca de 30% não higienizam as mãos antes e depois da entrega da comida, nem mantinham distância segura do entregador.”
Em relação às embalagens do delivery, um pouco mais da metade dos entrevistados (57,2%) disse higienizá-las. Quando questionados sobre a limpeza das embalagens de produtos comprados em supermercado, esse percentual foi bem melhor. Mais de 80% afirmaram também higienizá-las. “E a maioria de forma correta: usando água e sabão, água com cloro ou álcool 70%.”
Cartilha – Para os pesquisadores, esses resultados mostram que ainda é necessário um reforço na comunicação sobre as medidas de prevenção. “Com o relaxamento do isolamento social, os casos de COVID-19 ainda estarão acontecendo; a população, portanto, precisa ser lembrada da importância de manter os cuidados essenciais para evitar a transmissão do coronavírus.”
“Estamos cientes de que a pesquisa não atingiu os segmentos da população mais vulneráveis, nos quais a desinformação é maior, uma vez que a maioria dos respondentes mostrou ter alto nível de escolaridade. Por isso, elaboramos uma cartilha com as principais orientações de prevenção da doença e iremos disponibilizá-la nas redes sociais, sites especializados e aos participantes da pesquisa”, finaliza o pesquisador.
Veja a íntegra da pesquisa e baixe a cartilha aqui.
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