Cigarro e outros derivados do tabaco podem reduzir as quantidades de nutrientes antioxidantes no organismo

Efeito provocado pela fumaça do tabaco acelera a produção de radicais livres e danos às nossas células. Fumantes ou ex-fumantes devem buscar uma alimentação saudável para a adequada ingestão de nutrientes antioxidantes.

Você sabia?

30/09/2022 - As campanhas de combate ao fumo buscam reforçar à população os impactos do tabagismo na saúde. Os alertas são concentrados no aumento do risco para o desenvolvimento de cânceres e outras doenças crônicas não-transmissíveis. No entanto, pouco se explica um dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento dessas doenças: os danos da fumaça do tabaco às nossas células.

Isso acontece porque a inalação da fumaça de qualquer derivado do tabaco, como cigarro, charuto ou narguilé, causa um elevado estresse oxidativo, reduzindo assim as concentrações de nutrientes antioxidantes, responsáveis por retardar ou impedir a degradação das células do nosso organismo.

“A fumaça do tabaco contém numerosos compostos oxidantes e pró-oxidantes, e também acelera a produção de radicais livres. Essas são substâncias que promovem a oxidação de biomoléculas e danos às células. Entre os efeitos desses danos às células está a dificuldade na absorção de nutrientes com ação antioxidante. Como no caso do cádmio, metal encontrado naturalmente no tabaco, que dificulta a absorção de selênio”, explica Maria Eduarda Diogenes Melo, da área técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer (CONPREV) do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Fumar também reduz as concentrações das vitaminas E e C, e do betacaroteno no organismo, que são antioxidantes que agem inibindo o dano oxidativo das membranas celulares. Dessa forma, os fumantes devem dar uma atenção especial à sua alimentação.

“Parar de fumar é a solução mais adequada para acabar com os problemas relacionados ao cigarro e para isto existe tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, nesse processo, é importante estimular a prática de uma alimentação saudável”, aponta Melo.

Reeducação alimentar - As recomendações de alimentação saudável que se aplicam a ex-fumantes e aos indivíduos que estão tentando abandonar o tabagismo são as mesmas voltadas para a população geral. Ou seja, uma alimentação rica em alimentos in natura e minimamente processados de origem vegetal, como cereais, castanhas, frutas, legumes e verduras. Deve-se também utilizar ingredientes culinários, como os óleos vegetais, que são fontes de vitamina E.

“Esse padrão alimentar está associado à redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, incluindo alguns tipos de cânceres. Os fumantes, em especial, devem adotá-las porque além da redução nos níveis de nutrientes antioxidantes no organismo, há pesquisas que mostram que eles consomem menos frutas, legumes e verduras, e, consequentemente, os níveis de nutrientes antioxidantes devem ficar reduzidos. A cessação do tabagismo está acompanhada de um aumento do apetite e, muitas vezes, de um ganho de peso. Por isso também a alimentação saudável é indicada”, afirma Melo. “A nicotina causa alterações no sistema nervoso central. Entre as consequências desta mudança está a perda de apetite”, complementa Jane Domingues de Faria Oliveira, doutora em educação física e especialista em atividade física e qualidade de vida pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

De acordo com Oliveira, a mudança na alimentação deve estar acompanhada do exercício físico regular. “Com uma maior aptidão física, o fumante ou ex-fumante consegue diminuir o risco de doenças crônicas, revertendo parte dos problemas causados pelos danos oxidativos”.

Apesar da redução de nutrientes antioxidantes no organismo, a suplementação só é indicada em casos específicos e com o acompanhamento de um profissional adequado. Melo aponta que há diferenças quanto ao efeito benéfico à saúde quando o nutriente é fornecido por meio de alimentos ou de suplementos. “A adequada ingestão de nutrientes é alcançada por meio da alimentação saudável e isso deve ser priorizado. Os suplementos em geral fornecem os nutrientes em quantidades bem superiores àquelas que são habitualmente obtidas pela dieta. Isso pode levar a efeitos adversos à saúde a depender da quantidade ingerida. Por exemplo, há fortes evidências de que o uso de suplementos de altas doses de betacaroteno pode causar câncer de pulmão em fumantes e ex-fumantes”, acrescenta a especialista do INCA.


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