Evidentemente, não se pode responder por todas as marcas presentes no mercado. Mas a nutricionista Daniele Maffei pesquisou dez empresas que atuam com vegetais prontos para o consumo (VPC) no Estado de São Paulo e concluiu que, nessas indústrias, os processos de desinfecção utilizados são capazes de garantir a qualidade do alimento. Ligada ao Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center - FoRC), Daniele avaliou a qualidade microbiológica dos vegetais produzidos por essas empresas, verificando a eficácia dos processos de desinfecção e comparando as amostras de vegetais coletadas junto às empresas antes e depois de passarem pelo processamento.
Segundo ela, o mercado de vegetais minimamente processados está em expansão no Brasil, daí a importância de validar os processos usados pela indústria. “Os procedimentos utilizados pela indústria foram suficientes para garantir qualidade microbiológica satisfatória aos vegetais. Todas elas usam sanitizantes à base de cloro na água de lavagem, durante a desinfecção”, resumiu Daniele.
A pesquisadora, entretanto, chama a atenção para a possibilidade de contaminação cruzada por Salmonella typhimurium, que causa a salmonelose, uma infecção alimentar, caso ocorram falhas nos procedimentos. “Se uma hortaliça contaminada for inserida em uma água de lavagem com menos quantidade de sanitizante que o recomendado, pode contaminar todo o restante”, resume. Segundo ela, a Portaria CVS 5 (Centro de Vigilância Sanitária), de abril de 2013, preconiza um teto de 250 ppm (partes por milhão) para o uso de sanitizantes à base de cloro. A indústria, de acordo com o levantamento da nutricionista, utiliza concentrações que em geral variam entre 50 e 240 ppm.
A contaminação cruzada pode ocorrer, inclusive, na casa do consumidor, caso o manipulador do alimento (tendo comprado hortaliças que necessitam ser higienizadas) use a mesma água parada sem sanitizante para lavar diversas hortaliças sequencialmente, e uma delas estiver contaminada.
“É importante sempre trocar a água entre a lavagem de uma hortaliça e outra e, principalmente, usar um produto para a desinfecção. O uso do hipoclorito de sódio (água sanitária) na concentração entre 2,0 a 2,5% é recomendado na proporção de uma colher de sopa rasa diluída em 1 litro de água potável, em imersão por 15 min. Além disso, hoje em dia o consumidor tem facilidade de encontrar diversos produtos, como pastilhas desinfectantes, para essa finalidade nos supermercados. No caso dos VPC, com relação às dez marcas que estudei, pode-se consumi-los sem receio, mas atenção: o consumidor não deve tentar higienizá-los. Caso faça isso, corre o risco de contaminar um alimento que já está limpo e pronto para ser consumido. ”
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