Produtor pode controlar a textura, o sabor e o tamanho das hortaliças no cultivo hidropônico

Você sabia?

Você já reparou que a rúcula e o agrião hidropônicos têm um sabor mais suave que as hortaliças cultivadas pelo sistema tradicional de produção? Isso ocorre porque, nesse sistema, o produtor tem um grande controle sobre a nutrição da planta e pode intensificar ou suavizar o sabor picante das hortaliças como rúcula e agrião. Sem a interação com o solo, criadas em estufas e protegidas da chuva, essas plantas podem receber os nutrientes por meio da água nas quantidades que o produtor determinar para alcançar maior produtividade e qualidade.

Manipulando o fertilizante, é possível produzir alimentos com as características desejadas pelo produtor.
Hidroponia é uma palavra derivada de dois radicais gregos (hydro, que significa água e ponos, trabalho). Trata-se de uma técnica alternativa de cultivo, na qual o solo é substituído por uma solução contendo todos os elementos minerais essenciais para o desenvolvimento dos vegetais.

As plantas na hidroponia crescem em um ambiente sem a atividade microbiana que observamos no solo. Elas vão se alimentar exclusivamente dos nutrientes adicionados por meio dos fertilizantes, que podem ser manipulados pelo produtor de forma muito flexível. “O manejo da nutrição feito pelo produtor pode alterar a concentração de compostos na planta que são benéficos à saúde, como ferro, nutriente fundamental no combate à anemia”, explica a professora Simone da Costa Mello, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).

Além disso, o manejo da nutrição explica por que uma alface hidropônica pode ser mais crocante ou a rúcula pode ter um sabor mais suave, se comparadas aos vegetais produzidos no modo tradicional. Os produtores podem alterar além do sabor, a cor, o desenvolvimento da planta (tamanho), e a textura, por exemplo, apenas manuseando a composição dos nutrientes que serão adicionados à água.

"As plantas são cultivadas em ambiente controlado, enquanto que as de cultivo tradicional estão expostas às intempéries do clima, o que também afeta seu crescimento e qualidade. No solo, os processos que interferem na disponibilidade de nutrientes podem gerar perdas de nutrientes adicionados através dos fertilizantes e diminuir a eficiência do uso destes insumos. Na hidroponia, essa eficiência é muito maior porque as perdas são menores, e o volume de água consumido durante a produção também é bem inferior ao aplicado pela irrigação realizada pelos produtores no campo.”

Pontos positivos – No Brasil, a hidroponia tem sido empregada para a produção de hortaliças folhosas, com destaque para a alface, rúcula, agrião e também para plantas condimentares como salsinha, cebolinha, coentro e manjericão. O uso desse sistema apresenta algumas vantagens em relação ao cultivo em solo tradicional. Colhe-se mais rápido porque o crescimento das plantas é mais acelerado, usa-se menos mão-de-obra na atividade e gasta-se menos com insumos.

O controle de pragas e doenças é mais eficiente quando feito adequadamente, gerando um produto mais seguro. Não há perdas de material vegetal quando a planta está saudável, sendo possível aproveitar 100% das folhas – no caso da alface, por exemplo, o produtor convencional precisa jogar fora as folhas que entram em contato com o solo e ficam sem qualidade para serem comercializadas.

Os fertilizantes utilizados na hidroponia são altamente solúveis em água, diferentemente dos utilizados no cultivo tradicional em solo. Assim como os fertilizantes empregados na agricultura tradicional, eles contêm todos os elementos necessários ao vegetal, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cloro, cobre, ferro, manganês, zinco e molibdênio.

O produtor define a composição da solução nutritiva observando, primeiro, as características da planta: ele acompanha seu crescimento, identifica visualmente a cor etc. “Se está pálida, pode aumentar concentração de nitrogênio, por exemplo, e mudar para um verde mais intenso”, exemplifica. 

O agricultor também analisa a própria solução e pode alterá-la caso haja necessidade de aumentar ou diminuir a concentração de um ou mais nutrientes. Produzir em hidroponia pode exigir dos produtores uma base de conhecimentos técnicos, inclusive sobre a fisiologia vegetal. Órgãos públicos dedicados ao ensino e à pesquisa, como a própria Esalq e a Embrapa, costumam oferecer cursos e palestras de capacitação para quem utiliza o sistema hidropônico, além de produzirem e disponibilizarem materiais técnicos e científicos para apoiar esses produtores. 


Imagem: Pixabay, atribuição não requerida

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