Pesquisadora do FoRC ganha menção honrosa no Prêmio Tese em Destaque USP 2016

Estudo aponta que a farinha de banana tem potencial de contribuir para a homeostase da glicose, reduzir a fome e aumentar a sensação de saciedade.

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Por uma tese de doutoramento que investigou os efeitos fisiológicos do consumo regular de farinha de banana sobre a homeostase da glicose, a saciedade e a microbiota intestinal, Fabiana Hoffman Sardá, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC) recebeu, no último dia 28, uma menção honrosa no Prêmio Tese em Destaque USP 2016 na área de Ciências Agrárias. O prêmio contemplou 25 doutores em nove áreas do conhecimento. Será entregue em uma cerimônia, na Reitoria da USP.

A tese, intitulada “Farinha de banana verde: efeitos fisiológicos do consumo regular sobre a fome/saciedade e microbiota intestinal em voluntários saudáveis”, foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Alimentos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF/USP), sob orientação da Professora Elizabete Wenzel de Menezes, também do FoRC. “O grupo da professora Elizabete estuda a farinha de banana verde há mais ou menos uma década. Inclusive ele tem uma patente para a produção da farinha, de forma a conservar maior conteúdo amido resistente, que é o que confere a esse alimento suas propriedades funcionais”, conta Fabiana.

Seu trabalho foi focado nos efeitos da farinha sobre a saciedade e sobre a microbiota intestinal dos consumidores. Em ensaio clínico duplo-cego com humanos, controlado com placebo, Fabiana ministrou oito gramas de farinha (e placebo) a voluntários entre 20 e 45 anos, de ambos os sexos e índice da massa corporal (IMC) normal. A farinha foi ministrada três vezes por semana durante seis semanas. “A ideia era simular uma situação mais próxima possível da realidade. Uma vez que ninguém consumiria farinha de banana todo dia.” Essa é uma premissa da coordenadora clínica do Grupo, a pesquisadora Eliana Bistriche Giuntini.

Um dia antes das pessoas iniciarem o consumo da farinha, foi realizada uma avaliação que constava de três partes: um questionário, que era respondido pelos voluntários participantes do estudo, uma avaliação de consumo de uma refeição padronizada oferecida a todos e uma análise bioquímica com base em exames de sangue. Essa avaliação foi repetida ao final das seis semanas de consumo, com o grupo que recebeu a farinha e com o grupo controle.

“A comparação dos dados obtidos nos dois momentos de avaliação gerou diversas conclusões, uma delas relativa à saciedade: no grupo que recebeu a farinha notamos redução da ingestão energética em 14% em refeições subsequentes com relação ao grupo controle e aos dados colhidos no início do estudo. Isso significa que houve redução da fome e aumento da sensação de saciedade”, explica.

Segundo a pesquisadora, foi possível ainda observar que a ingestão de farinha de banana verde (FBV) por voluntários saudáveis, mesmo de maneira regular e não diária, pode melhorar os níveis plasmáticos de hormônios gastrintestinais; proporcionar impacto positivo sobre a homeostase da glicose ao promover redução na secreção plasmática de insulina no jejum; reduzir indicadores de resistência à insulina, sinalizando uma maior sensibilidade à insulina; e contribuir com a melhora do funcionamento intestinal.

Fabiana fez a análise da microbiota intestinal nos EUA, em um doutorado sanduíche, tarefa na qual foi orientada pelo também pesquisador do FoRC, Chris Hoffmann. Foi possível verificar uma modulação na microbiota intestinal dos voluntários que consumiram FBV, mas estes efeitos estão relacionados à microbiota prévia dos indivíduos, seu enterotipo.

“Esse approach relacionado à microbiota intestinal é moderno e havia sido pouco explorado nas pesquisas anteriores com a farinha. Creio que essa abordagem, aliada ao fato da tese ter gerado ainda três artigos científicos, pesou na avaliação do trabalho no Prêmio Tese em Destaque. Eu fico muito feliz com a menção honrosa, pois valoriza a pesquisa desenvolvida. .


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